Inteiro e completo







Ainda que o ar me sufoque não
Ainda a coragem de enfrentar
O mundo, seja senão no sentir
Mais, maior e mais profundo,

Ainda que o sentir mate não
Aquele que o não tem nem
Sabe que perde em vida por quase
Não morrer da emoção de sentir

Mais, maior e frequente face aquele
Monógamo sujeito vão que respira
Embora mal, por abafar no coração
A coragem de dizer sinto, a tudo

E não ao tal sentir Humano total
De gentes em cores distintas e das
Dele, mesmo inté onde alcançar
A vista. Ainda que o mar em frente

Me baste não, hei de construir
Uma nave grande onde caibam 
Os sentimentos de todos quantos...
Partir e ir embora pra sempre,

Pra sempre cheio, inteiro e completo.











Jorge Santos (02/2016





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Continuarei ...




Continuarei a sentir sem coração nem veias,
Continuarei a ouvir o coração nas orelhas
Sem tê-las na cabeça, ambas e parelhas,
Continuarei faça o que faça pra acabar
O arder desta fogueira que arde sem queimar
E sem me acabe de vez o ardor que é viver
Sem ter o coração atrás da orelha bamba,
Nem ouvir meu respirar através da cabeça,
Sem nas dos outros todos encontrar o coração
Que me falta ou que não sinto, a meias como hoje,
Continuarei a sentir o preço preso ao colarinho,
Como um ritual colado no rosto prolongando
A parede branca do sentir que não tenho 
Nas veias, nem remédio pro que sou e sirvo,
A meias com todos em pensamentos e expressões
E no meu íntimo…

Grandes eram os tempos e os céus, gigantes.






Lembro bem de olhar o céu fixo e ficar contente
Era pequeno e brincava ao berlinde e ao pião
Fazia na areia castelos, fossos e o oceano pensava-o
Infinito como tudo do que era eu íntimo no verão

Como o céu de tom pastel e o meu tempo de menino
Contente por haver mundo e ver tudo que fosse
O lado bem do sonho, lembro também de olhar
No céu o limite e ter o tempo a durar pra sempre,

Parecendo grande, grande assim os meus desejos 
De menino contente por ser do pino do verão dono
E do céu o vigilante era eu das muitas estrelas
Que caíam na minha imaginação como os berlindes

E um pião, pião sem guita rodopiando como o mundo,
Inconsciente eu, dele e do meu rumo de gente
Grande, grandes eram os tempos e os céus gigantes ...
Lembro bem de olhar o céu e ficar contente



Jorge Santos (01/2016)
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Acto supremo






O acto supremo da simplicidade
É o ser capaz de sentir a natureza
Exaltar-se quando meia primavera,
Amadurecer no verão ,paliar

No Inverno o coração com o cetim
Dos sonhos pra o sentir tranquilo
No bocejo da seiva, simples como
Fui eu toda a vida e ainda as mãos

Dessa tranquilidade vêm salpicadas
De gotas e da idade, tento de facto
Sentir a natureza e quando estou
De bem comigo próprio as árvores

São o que ma faz parar para respirar
Grande e talvez o mar o luar e o vento
O facto supremo é o que faz a alma
Ao talento distar menor e isso acalma

Da natureza as folhas e a erva quanto
Mais a minha pele salpicada de gotas
De água de todas e das muitas fontes
Minhas e frias rios cenários decerto ilhas

Mil e estradas em Abril Maio Junho...




Jorge Santos (01/2016)
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Olhos conta-gotas





Olhos de conta-gotas

Colasse as gotas de onde as tiro,
Deixaria o mar de ser baixo tanto,
Mais do que mede aos olhos
Da gente, mesmo daquela miúda 
Que passa no cais e nem eu conheço,

Mas não diferente do mar en'frente,
Onde colo os olhos e conto as ondas
Todas...todas reconheço da cor,
O céu que fazia, quando no mar nasci
Eu,por isso do mar as tiro

Com conta gotas, plo prazer
De ter olhos da cor do mar-palheiro
E não o cinza d'ondas gordas,
Esse não cabe mais em mim dentro,
Nem no frasco caça-gotas,

Ou em qualquer eu inteiro...



Jorge Santos (01/2016)
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Donde venho





Donde venho, velho
Nem o tempo tenho
Tudo se renova e passa
Excepto o querer, o poder

E o Desejar ter, pudesse
O meu sentir perpétuo
Tornar-me para não me 
Sentir perdido aonde estou,

Sem o onde ou o ontem
Ou o engano do tempo
Que me confunde e mata,
Tudo o que valho, é sendo

Tudo o que sinto, nem mais
Nem menos que barata
Que não se deixa ver
Mas se persegue e pressente

No lixo e na lata bolorenta
Deste sentir semelhante 
A ferrugem ou a fuligem
Mas que mata igual

Ao ranço e à doença da velhice,
A esperança não alastra
Como o óleo e é pra mim
Um permanente mistério

A minha existência como ser
Pensante e donde venho,
Passando do tempo ao espaço
Tempo, lento ...


Jorge Santos (01/2016) .
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A missão dos céus




Chego onde hoje habito,
Por uma escada de ar e vento,
Sou ligado ao precipício,
Por uma missão que é ser visto

De todo e qualquer lado,
Menos d'onde estou,
Talvez por ser esse lugar
Medido plo ar que farejo,

E não plo dar em troca 
O que seria natural, 
- Maresia de mar e gaivota
A voar junto a falésia,

Chego por perto d'onde habito, 
Por uma escada de corda
E ferro, ao passar as nuvens 
Sinto o hálito de Deus no braço, 

Mas na verdade 
É confusão a coisa podre,
- Os dentes feios e meus 
Ligados à língua pela garganta

Oca ,não seria a troca justa
Nem humana ou então 
A missão, não era bem esta...



Joel Matos (01/2016)
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Chove







Chove "per si" como em mim em silêncio,
Quando tudo se esquece, isso é chover
E é silêncio por si só e uma sensação 
De esquecer que nos sossega, muda

Como se o chover fosse o que sinto,
Quando não tenho assunto pra sentir
Ou esta coisa que pesa nos sentidos
E é tudo e o mais que sinto e raras 

As que fujo, do sentir que a chuva traz
No bojo que até prefiro não despertar
Dum todo pro silencio que se aprende,
Não deste que me prende numa falsa

Mensagem de chuva, em silencio mudo
Que tudo me faz esquecer mas do modo
De sentir que uso, quando quero sentir
Vasto, quando visto os sentidos todos

Que tem o mundo, de baixo deste mundo.
Chove por si como em mim, em silêncio
E ouro, revela-me a outra margem, alcanço
E persigo essa sensação que sossega

O desejo de mais e mais sentir tudo
A bordo deste meu sentir sentido, cujo
Uso trago e trajo e calço e não mudo...



Jorge Santos (01/2016)
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Sendo eu outro




Num poema vão as passadas
Comigo e o retrato meu que
Toda a gente conhece mas
Não (como um confessionário

Onde o frade ouve e não sente) 
O poema enfrenta o tempo,
A natureza e quem o lê...
Por vezes estremeço ao ler

Um poema meu e sinto 
A ansiedade do momento
Em que pari e a dor do facto,
Como ninguém mais, mas

Dessa maneira sinto o meu 
Pensar passado um tempo,
Como se fosse o auto-retrato,
Doutro que conheci faz tempo

Como sendo, eu outro ...



Jorge Santos (=1/2016)
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Aos pássaros acresce o voar...







Os pássaros crescem
A voar, nossa alma
Nasce pra depois voar
Ou não, voando.

Os poemas que amamos,
São pássaros que chegam,
Não se sabe d'onde e pousam
No livro em que lês o auto

Da alma e do amor, sem autor
Ou pagina marcada,
Um dia todos voarão em bandos
Como pássaros,

Autores anónimos, nós outros
Pássaros de prisão,
Cresçam e voem, deixam-me 
Sonhar cada dia mais só,

Cada dia mais sou,
Cada dia mais solto...



Jorge Santos (01/2016
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Não sei se sei, se não....







Tenho sofrido,
Quer solidão e leveza
Quer de vazios,
Dizer o que sei,

Eu não sinto,
Nem vontade
E contar cura
Não. Tenho sofrido

Independente
Da razão e do
Sítio que liga,
O estômago à mão

que escreve,
Dependendo
Do coração um terço
Que solto,

Solto, faz tempo
Não ....
Tenho sofrido
De esquecimentos,

Mas o que sinto
É que não sou eu
Que esqueço
Onde estou,

Mas tantos outros,
Que me não acham,
No incerto caminho
D'onde venho,

Perguntam à névoa,
Que foi do tolo
Que se perdeu
E esta responde:

-Quem por aqui passa
Com coração à solta
Não precisa guia
Cão, nem tem medo...

Venho sofrendo
De infinitos dispersos
Por tudo quanto vejo,
Unidade na alma,

Esta não vejo,
Estilhaços de azul e céu,
Que agarrei para um uso
Que não sei, se sei,

Se não...

Jorge Santos (06/2016)
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Cidade País...






Das cidades feitas País,
Conheço umas tantas,
No valor e na significância,

Perguntem à alma dos 
Nacionais o que importa,
Nas cidades feitas País,
Como esta, à sombra
E que tanto me importa,
No valor e na significância... 

Das cidade feitas País, 
Conheço umas tantas,
Remotos edifícios e praças,
Amontoados de sonhos,
Incapazes de regressar
Aos meus,

Das cidades feitas País,
Vê-se os céus por entre as copas
Altas, nem sei porque
Não os avisto sendo meus,

Das cidades feitas País,
Como esta sombria,
Todos somos acaso e recomeço,
Ilusão e memória...

Absurda a cidade que conheço,
De sonhos feitos País meu...






Jorge Santos (13/Novembro 2015)
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Não entendo.






Tod'o sentir m'entende,
Tod'o entender se sente,
Só eu não sei explicar
Como é viver sem sentir,

Embora sinta ao passar
Do tempo, tamanha 
Nostalgia mas apenas no
Pensar, sem entender

Que o pensar não somente
Passa, como não sente
Como eu sinto, sem 
Saber explicar o que minha

Alma pensa, sem passar
Do sonho ao normal
Sentido e ao presente,
O que sente de real

E não entende, apenas
Essa sensação não some
Por nada, nem que enrodilhe
A alma de conjunto com a Terra

Toda e a dor de não ter
Nem entender o que é este sentir
Imenso dentro, onde o tenho,
Não entendo, não entendo,

Não entendo......



Jorge Santos (11/2015)
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Prazer da busca...




Parte de mim busca o prazer,
Parte do que possuo no ser
No entanto, é possuído
Por certo prazer que nem
Sei descrever ou sei se possuo
No som que procuro trazer, por escrito …
Se escrever posso possuir o dom que busco,
Porque apraz a minha vontade viva…
Parte do prazer que usufruto,
Vem da busca de mim, que o escrever me Traz,
Parte de mim busca o prazer,
Da arte que transforma em busca,
Aquilo que posso não achar
Em mim,encantar a outra parte,
Encanto que é o que puder e quero ter
E não possuo,
A arte de descrever
Tal busca, que busco sem saber qual parte,
E quanto possuo,
Embora parte de mim busque
O que outra arte que encanta diz fazer parte
Da vontade de ser eu
E me procurar,
Do lado, onde me encanto
E me iludo, como nesta escrita
Sem arte, onde nem sempre me encontro,
Com quem nem sempre me cruzo…

Porque falo de mim...




Ninguém fala dos outros
Quando escreve para si, só
Poesia que para tantos outros,
Parece falar com eles, deles
E deles só, não sou bom
Ouvinte, nem as cidades
Aumentam a sensibilidade
De meu débil ouvir, mas respeito
A sensação de estar “de bem”
Com a Terra, ensina-me esta
A falar de tudo e do que sou
Feito e aos outros que não ouço,
Mas percebo apesar do barulho
Mudo nos reinos Este a Oeste
Do fim de tudo, onde não cresce
Hera, nem hora nem o fuso,
Nem me dá bom agouro,
Ou usufruto …Pois ninguém
Falar deve, por todos, sem com ele,
Em primeiro no fim e no fundo…

O desejo que morrerá comigo...


O desejo que morrerá comigo
É o único com que acordo e me deito,
Pretendendo ter uma supra consciência
Do que suponho ser universal ou divino,
Nada aparentado aos sonhos só meus
Que nem tenho, mas se reúnem
Como sendo, num capitulo e se resumem
Num desejo que morrerá dentro,
Das passadas que não uso, mas habito…
O desejo que morrerá comigo,
Carrego-o no instinto, inútil é ele,
Tal maquina de escrever que faço uso,
E de que sou marido, ela mulher,
Embora não sejamos casal perfeito,
Copulamos na sala de estar, no leito
No escritório e na cadeira de barbeiro,
Somos dois abismos sem limite
Tendo um céu lá em cima servindo
De horizonte e de ilusão, eu e o desejo
Que morrerá comigo, irónico, eu contente
Como um cão voluntarioso,inevitável.
O desejo que morrerá comigo,
È a memória pura e dura da criatura
Que mais mal conheço e o medo
Que coexiste neste veículo de sentir
Tudo e realmente… Triunfo e mérito
Ou o desprezo de todos eles, do destino
Que nasceu e morrerá comigo, servo
Da realidade, da obediência ao inevitável
Quanto baste, da vontade e do quinhão
De desejo eterno, de sonhar ser vida,
Mas morto esquecido e selado.

Servo Sol...




E quando me depuser o sol
Na curva o norte não serei eu,
Nem estarei na primeira fila, no monte
D’enquando se levantar novo
Lá no céu, a rebolo de ventos
E tempos, não serei eu quem rodopie ou dance, nem mote
Este poema tem pois ele não rebola com o sol quente,
Nem está em tudo o que é areal, vida
(chegada e partida)…
E quando se puser o sol,
Na curva a norte não lhe darei ” boas vindas”
Pois será inútil esperar que volte
Eu, o sol não me deu guarida, abraço,
Nem me abriga do mau tempo aqui,
Nem este poema é só meu,
Mas devido à real querença,
De voltar como vosso,
Tal qual um servo sol…
(Ele vosso porém)…

A razão do tempo...





Às vezes pareço ouvir
O tempo a passar, intimo
Do ouvido e penso como
Vale a pena ser cúmplice, não
Do tempo mas do ouvir,
Pois sei do tempo que passa
Ao passar, por ouvido e não
Pela falta de ouvir, nem de
Pauta, às vezes pareço ser
Cúmplice dos homens todos
Que passam, mas sou apenas d’um,
Com o qual passo todo o tempo
A ouvir, a ouvir o tempo que passa
Junto aos ouvidos dos dois,
Sem forma, lento e sem razão,
Tal e qual os ferros em brasa, dois
Que residem e colidem dentro
E bem fundo em mim e ecoam
A voz que emprego, o sentir profundo,
A fantasia e o sonho, irmãos cativos
De meu coração que não sente, nem cansa
De emitir o que interessa,
Bastava buscar na esperança ouvir
A substancia que o reveste,
Mesmo que ele nada contenha,
Sob a pele o sangue e veias,
A imaginação do contentor,
Será o papel de parede deste
Coração que não sente, mas lê e ouve
Todos os dias na paisagem, a mudança
E a ser indiferente a tanta e à tal dor
Falsa, fictícia, desinteressante, baça
Da mesma cor do aço, que não contém
Sob a pele, sangue e veias mas teima
Tal e qual badalo com pressa do sino
Que parece ouvir-mos na cabeça
E nos foge pela boca, às peças…

Jorge Santos 10/2015)
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Felicitas...





Seiva vontade "suber",
Sei do indefinível,
O que me acciona 
a pele, a seda, 

Vontade seiva,
Que dispo/visto
E uso eu ilúcido 
Destro, ó mudo,

seiva vontade, 
Homúnculo elixir, 
Herói grifo, viril,
Sei do indefinível, 

Húmus nata,
Bela espátula,
Soro, vida ermita,
Vontade seiva,

Vinil pergamus,
Indecifrável vita,
Síncronus felicitas,
Romano Rómulo, 

Vesúvio...


Jorge Santos (25/09/2015)
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Carpe diem
HIC HABITAT FELICITAS ("A felicidade mora aqui"). Essa frase com a ilustração foi colocada originalmente no centro do arco sobre o forno de um padeiro de Pompeia para espantar os maus espíritos. No começo do século XX, a placa foi transferida, juntamente com dúzias de artefatos que hoje em dia dificilmente seriam considerados ofensivos, para o "Gabinete de Objetos Obscenos" do Museu Arqueológico de Nápoles. A mesma inscrição, seguida de nil intret mali ("Que nenhum mal entre"), mas sem a ilustração, foi encontrada em um mosaico na entrada de uma casa de Salisburgo. Restaram muitos anéis decorados com um símbolo fálico daquela época, que eram usados por crianças como amuletos de proteção.

Sou um homem complicado...

 









Sou um homem complicado, pondo

De lado a saudade do que queria,
Escondo o que penso da abdicação
E o que quero é um santo remédio,
Que dê combate ao absurdo que sou

E queria para deixar de existir o que 
Quero por encanto e enquanto falar
A saudade tão alto que não haja 
Maneira de ouvir não pensar, se quero 

O impossível que continuo a querer
Por teimosia e nao por bom senso
Ou a incapacidade de ter saudade de tudo,
Pois sinto saudade do sorriso, pondo

De lado a razão, com que não lido,luto...
Sou um homem complicado, ponto,
Como se não fosse a consciência alheia
Oscilante e variável por direito cível

E alienável a condição de fazedora 
De espelhos e fantasma de laboratório
Queria para deixar de existir, o processo
De ser Deus trazido pra escrita,

Quem sabe a minha vinda depois de viver,
Explicando tão concreta porém abstracta, tinta... 




Jorge Santos (03/09/2015)
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Carpe diem
posso soltar as asas
abalar no vento
segurar-me à liberdade
como um nómada d'outro tempo

mas só voo se me fizer
soltar do medo e do pensar
posso soltar as asas
e deixar a alma

presa ao peito
que jamais isso 
será voar a sério, sem volta
nem pesar...

sou tanto livre
quanto o coração
me faça desaprender 
de o sentir normal

posso soltar as asas
pra me aliviar o peso
mas penso simplesmente
que voar é me adicionar ao vento

sem o apetrecho
que carrego desde sempre e o peso 
enganchado deste jeito
ao corpo morto,

ele todo

J.S.

tradutor

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