Esperança perdida.
Minhas mãos são já coisas,
Impostas e formais, peças
Normais que funcionam
Em cadeia, negam desejo,
Vontade minha, nenhuma.
Minhas mãos já são “feias-
-Coisas” d’vontade própria,
Mesmos dedos, mesmos
Gestos práticos incompletos,
Básicos até nas texturas,
Semelhantes a outras coisas
Que há, não em nome da fé,
Do céu que invocamos em vão,
Mãos nobres, gestos pobres
Apelos vãos, fracos os deuses,
(Oxalá fossem menos severos)
Virá dia semelhante às fábulas
Em que as coisas serão mais
Coisas e os olhos se perderão
Da alma, então o último virá
Em primeiro e minhas mãos
Não serão mais coisa alguma,
Causas fortes leva-as o vento
E a mim mal me alembram,
Se é que as tive, mãos coisas,
Coisas mãos, agora que tenho
Inda a vontade, débil o desejo
Confrange-me o sentir d’outros,
Básicos práticos, incompletos
Até na textura de braços mãos,
Lamento não possuir em minhas
A medida ideal, igual aos seios
Da perdida esperança menina.
Jorge Santos 21 Novembro 20/25
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1 comentário:
Fernando Pessoa
Fantasmas sem lugar, que a minha mente
Figura no visível, sombras minhas
Do diálogo comigo.
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