Dá inveja, a gaivota a gritar
A inércia e o voo, grita no meu corpo
A consciência do que sinto deter-me,
O ar, acaso sonhasse ser outro
E fazer deste corpo parte, o voar
Qu'inda não é tarde pro voo suave
Ter lugar neste peito publico
De feijão-frade, verde-frio e vácuo,
Que seja ele bíblico ou não, sossego
E prossigo, persigo a inércia do voo
Quero-o comigo e melhor que o sonho
É o sonhar do ir e vir do vento.
Dá inveja, a gaivota a gritar
Fio de prumo sobre-o-mar, o cais,
A tempestade e a bonança,
Ousarei eu voar até onde ind'há
Esperança e ar se'inda não é tarde,
Suave o corpo d'ave espírito da voz,
Inércia do voo, sofro da condição
Que sirvo, servo de um chão duro,
Não me alivia, oprime saber e vida voa
Independente de obra minha,
Palavras são vento em cabelo.
Consciência o que sinto, persigo-me dentro ...
Jorge santos (01/2017)