Fujo...







Aparente é o tempo meu
Em tudo quanto morrendo
Não morre, fica e me prende
De incerteza e na ausência

De plateia sindica, ansioso
Perante a audiência, eu
A quem o tempo pesa
A fadiga e adia a morte

Aparente do fuso tempo,
Que não morre, prende
E de soslaio me fita...
Milito gestos e anúncios

Do meu desempenho
De humano infecundo,
O mundo é porventura 
Só um mundo e acaso 

Haja outro, não tem
Importância nem me
É útil a mesmíssima sorte...
Aparente é o meu tempo 

Mil, montando palavras
Em escadote e escalas,
Nomes em saldo, incluo 
Nada meu nem aprendo

O mecanismo do aparente
Tempo...fujo.



Jorge Santos (03/09/2015)
http://namastibetpoems.blogspot.com

A tasca dos abissais...






O meu rosto
É por dentro 100 % escrito,
Outros respiram p'la barriga,
Eu atiro pra fora a desdita,

A sentença que me afoga,
É ditada por outros surdos
Roucos, Sem usufruto, estatuto
Nem ritmo, a rês

Que pasta e excrementa
No trás-do-mundo, na mente
Árida dum louco ou parvo
que trago comigo, de rastos, eu arreado,

Escrevo por falta
De vergonha
Na cara, a minha cova
È o putéfilo

Das reles e feias
Corujas divas, tristes musas,
Três delas seminuas,
Dão-me bofetadas,tabefes

Palavrões e da porrada dura
Em grafittes que ignoro mas depuro,
A trave/escora não suporta
O horror do vício sujo, cujo

Que é acordar acoitado,
Na dimensão paralela
Dita poética,
Eu, mau incriado,

Escrevo por descaramento,
Criado ou Rei cristo,
Grito, nu e destronado,
Em mesas de troncos podres,

Dessas que, mesmo aos Deuses
São vedadas,
-Na tasca dos abissais ritos-







Jorge Santos (02/09/2015)
http://namastibetpoems.blogspot.com






Carpe diem


As histórias devem ficar para trás
Para que não se confundam com o
Tempo de hoje tal como os sonhos
Se devem manter no coração pra
Que não saiam quando respiramos

Como acontece agora,requer treino
E acreditar que temos dentro uma
Das maiores soluções pra felicidade
Do Homem quando falamos de ilusão
Da boca pra fora ao respirar poesia

E como esta entra nos pulmões da gente
Temos pra isso de estar atentos aos sons
Das asas passando de trás pra frente
Como estórias de encantar destinos
E gentes...


J.S.

Homem duplicado...







Quero ser duplicado
Em partes desiguais,
Parte consciência,
E o que sinto sendo

Real do meu lado
E nego ao pensar,
Consciente do outro
Bocado mais curto,

Destes, do que sou
Mais proeminente,
Não do outro, aquele
Que importa aos "bravos",

Quero ter duplicado,
Do que não simbolizo,
Embora tenha a alma
Prenha do que é cedo

Ainda achar simbólico,
Senão eu, estranho à
Emoção que me veste,
Tão Pouco emocional

É o meu pensamento
Real, esperando ser Rei
Dos poucos e dos loucos,
Eis a definição do enigma

Do homem Duplicado...



Jorge Santos (31/08/2015)
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Carpe diem


È outra vez do duvidar que duvido,
Do futuro de sentir e pra lém
Da espuma do que se sente evidente
Mas com um manto de dúvidas,tê-las

Sem maneira de deixarem de ser...
È outra vez do duvidar que duvido,
Do que acontece e foi já avistado,
Creio que em primeira mão

Por sentido que não duvido existir
Em mim,eu que antevejo o futuro
Mas não vejo nem me sinto presente,
Nem a conspiração entre ambos

È deste mundo , duvido de tudo,
Do sonho que me visita de noite,
E não se oculta, preferia ao que
Pode significar o sonhar em estrelas

À luz do dia e da vela, o oculto
Que não duvido existir noutros cantos
Do pensar inconsciente e o significado
Destes sonhos negros...escuros,

Ecos de milhares de almas que quero
Não deixar de sentir, como se as tivesse
Lendo no meu ouvido esquerdo,
Esquecido, esquizo ...


J.S.

Qual viagem...









Queria trazer eu do gelo, um beijo
Não meu, mas da chuva temperada
E quente,, congelado no momento
Antes de o ser dado... e o prazer

Do antes quase colado, sem palavras,
Quase como se fosse o instante,
Depois do relâmpago que precede
A tempestade,queria ser eu

P'lo temporal açoitado, com dentadas
Da chuva brava, como se uma boca
Danada me afagasse o pelo com
O cheiro a ozone e terra molhada,

Fresas como beijos da natureza
Fada e o odor bravio a pinheiro,
Quereria amar a lua e luar, mesmo
Aquele agreste e frio de Janeiro,

Com o chão prata e branco, assim
Como o meu desmazelado cabelo
Amante das madrugadas e do afago
Das pedras dos caminhos onde caio

Eu ao anoitecer que amo, que beijo
E onde me ajeito, assim como se fosse
Meu travesseiro, minha confidente
Meu amor primitivo e primeiro,

Sinto como se morresse de prazer
E o não voltar da morte seria o êxtase
Total e a certeza de fazer parte da vida
Na Terra redonda na qual viajo...



Jorge Santos (31/08/2015)
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Hoje não encontrei a dor...








Hoje não encontro a dor,
O que me doi é a alma
Do vício da dor num gole,
Caísse o chão não magoaria

Tanto, e à dor como esta
Que não encontro nem dentro,
Nem fora, desta alma taberna.
De s'quina quanto procuro na dor,

Encanto quando p'lo odor
Vou se me parece a ser rosa,
Jasmim incenso, pressinto
A dor que não tenho,

Nem quero, mas anseio
Sem como nem porquê,
Hoje não encontro a dor,
Nem a real nem a falsa

Dor de bar, quando bebo
Absinto para sentir no peito a
Dor que do álcool faço lar,sinto
É chamas, ruínas e o balcão velho,

Hoje não encontro a dor,
No sítio que considerava
Antes como sendo
Endereço postal correcto,

A esquina do taberna,
Do copo de três....






Jorge santso (29/08/2015)
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Amor prisão...




O amor é uma cadeia de vidro,
Tal como faz falta ao rio,
Despejar na foz a água,
Também em nós um regato
Da sede é partilhado nos
Teus lábios, dos meus..

Sinto na demora o estéril
Que é esperar, também tenho um rio
Interior, mar porém seco
Na voz outrora fresca,
Agora fria como os seixos
Em volta da Maré vazia.
Solto, o amor é uma cadeia

Mineral, não se pronuncia
Em escala humana, sente-se
Quando se cala na voz
A interpretação do olhar,
Tal como faz socalco no rio
Quando encalha o mar
Limite, faz falta um rio,

No meu desaguar de foz,
Pra que se não quebre o aluvião
De argila em caos de cacos
No meu peito cadeia, prisão..
O amor é uma cadeia sem grades
Nem ameias de castelo tem,
Nem nas minhas veias mornas corre

Ou correu intrépido, algum rio...



Jorge Santos (27/08/2015)
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Casa Branca-Apeadeiro







Gare da Casa branca,


Desejo nem sentir nem pensar,
Nem um nem outro são brancos
Tanto, como a convicção que preciso
Pra não ter coisa alguma,

Nem estação nem apeadeiro,
Para emoções sem destino,
Como as que tenho, sou livre
E contudo nada sou senão

Prisioneiro do existir e do
Querer que não quero saudar,
Não por moda ou desuso,mas
Separar-me dele é doloroso,

Requer desertar do corpo,
Coisa que nem sei se posso,
Salvo impor silencio ás sensações,
Quer as invente, quer às reais

Principalmente fora do corpo,
Que é onde me fundo e o meu chão
De estação centra,l ou gare
Escura mas com privilégios de tudo

O que é mundo, por isso desejo
Nem sentir, nem pensar como
Toda a gente,ser livre de destinos
Impostos pelos materiais que geram

Os sentires de mim e de tudo...





Jorge Santos (25/08/2015)
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D'autres pas.





"Ser poeta" merece um poema grande,
Mas um poema merece uma flor maior
E até a dor imensa merece um poema
Largo, se o poema precisar ter lado certo,

É porque quem lê não se senta
Do lado que sente, quem descreve
Uma flor indiferente que nem perfume tem
Ou um poema que precisa ser torto tanto

Para ser a porta certa para o sentir grande
E total ou dor incondicional, o ser tal poeta
Merece ter sempre um poema de amor
Certo o perto mais perto que um poeta

Canhoto convém ter e não chore apenas
Poema de mercearia, "aberto-das-tantas-
Às-tantas", mas sem poesia nem mérito
escrito a mão dextra e com a letra certa

E o perfume a rosa, falso e manso,
O "ser" poeta é aquele que parece ter dor quando
Esconde nele a dor de verdade e encanta
Quando mostra perfumada de poema

A dor aparente de quem nada sente
Como verdade inquestionada, de "la Palice"
"Certains poèmes sont grands, d’autres pas". ...










Jorge Santos (18/08/2015)



No fundo...












No fundo,

Sou outra pessoa ao pensar,
Mudo tão completamente
Que os pés ponho, ao lado da boca
E o cérebro na ponta dum garfo

Rombo, sinto ser outra pessoa a pensar,
Tenho fome do que está pra'lém do fim,
E no que sinto me enrolo, encaracolo
Pra sentir o pensar com a boca

Em roda dos ridículos testículos
E o dedo grande do pé nos dentes
Com que descrevo mil varizes,
Estendendo-as ao comprido"

Embora só às vezes entenda,
O que dizem ao passar, plo pensar
Que não sendo meu, sou eu o outro
Ou outra gente no meu pensamento,

Bem lá no centro, a pensar ser eu,
Quem pensa com'ess'outra Pessoa,
Que no fundo soa e sabe a mim...
Sempre ... sempre... sempre...


No fundo sei que de trás e de frente
apareço em cada obra que creio ser minha
embora saiba de sobra, em Réis
ela valer tão pouco e que eu nunca

Serei quem ...




Jorge Santos (06/08/2015

Por amor ao meu país...





Passo do amor à politica,
Por amor do meu pais
Verdadeiro,

Por fim passo da política,
À poesia por despudor,
Não por amor à primeira,
Entorto como uma colher,

À procura do calcanhar
E só recolho um ralo,
Aquoso e insonso tanto, deste
Amor não recíproco

Com a vida em que me pendo,
Com quem convivo,
Por amor ao seguinte,

Ímpar é o meu sonho,
Igual a nenhum outro,
Quanto mais o seguro,
Mais ele confirma,

Ser verdadeira a porção,
De sonho que bebo
Ao deitar pra me
Sentir futuro de

Manhã, quando acordo
E penso se não serei eu
feliz, mais que ninguém

Senão só eu, se não sairá do
Mar chão o meu pensar
Veleiro e o passar,
Passageiro do sonho,

Ímpar e inocente,
Como novo e a estrear, ainda
Que estranho este
Sonhar, Ímpar o sorrir,

Quando me apaixono
Por tudo e por pouco,
Ímpares os sapatos
Que calço, a camisola

Usada, o trabalho
Mesmo que não "dê nada",
Ímpar a irracionalidade
Desta poesia,

Assim as relações
Entre humanos, ímpares
quando acreditamos,
Ímpar o meu sonho,

De um veleiro no chão mar,
Do meu passar passageiro,
Tão perto, tão longe
Do meu amar veleiro,

Mesmo que não navegue
De verdade aqui no meu país,
Verdadeiro o meu jeito de amar...











Jorge Santos (09/2015)
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A Mariposa e Eu...





Quantas vezes te sinto tão perto,
Que ignoro o que seja ser um outro sentir
Meu,tantas vezes te sigo decidido,
Que nem sei que decisão tomar,

Ao sentir o som do teu vestido,
O perfume do teu discreto passar,
Quer sejas tu ou o pensar meu,
Que por vezes sinto, como quem

Sente ser de verdade, o sentir
Que não se tem certo, mas se sente
Como quem te tem por perto,
Quantas vezes sinto tão bem,

Quando tuas asas de ar voam rente,
Ao meu outro sonho morto, tão chão,
Tão curto. Quantas vezes sinto teu corpo,
Por definir na relva, tua voz no arvoredo,

Quantas vezes nem terreno meu coração
Tem, nem é sendo...


Jorge Santos (03/07/2015)
http://joel-matos.blogspot.com


Fui...








A gente sabe ou pressente,
No que existe, o que existiu e flui,
Suponho eu, em comum num invicto rio,
Que da gente, tudo sabe ou pensa,
Corre ou percorreu a nossa
Existência noutra margem do espírito,

A gente sabe ou supõe, possuir

Ou ter, memória inconsciente do que 
Existiu e passou, mas nem todos 
Lembram o que eram ou foram,
A gente pensa saber apenas,
Mas nem sabe bem, nem pensa sequer

No que está pr'alem do horizonte,

E flui nas nossas veias, apenas
Como um rio dentro de uma flor,
Que se supõe ser,como quem pensa saber,
Mas não lembra, nem o tempo 
Que passou e foi e foi e foi e foi,

Suponho eu, como um comum rio

De seis mil milhões de nomes e vozes
E cores, neste oceano humano,
Ele existe porque sempre existiu,
Ou pensou que existe, porque somos 
Apenas os sonhos da gente que foi e foi e fui 

E Fui...



Joel Matos (30/06/2015)

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O Egeu e a Trácia...





Quando o malho é d'aço e cinza,
Mais me dedico ao azul tinta,
Egeu feiticeiro de maré farsa, se
Neste mar torácico incenso ateio,

Quando o mais é cinza e aço retinto,
Mais disfarço na maldita escrita,
A taça e o desejo que à maré venha,
Quase um quarto do mar é manso,

Dele sofro, quando o mais é aço,
E mais faço da escrita palha, feno
E desejo a mar e cheia, a chama
E faço de conta ser sósia, visto

De fato impresso, cinza comum
Com a janela de baixo, cerrada,
Quando o mais é aço e ferro em V,
Mais evitável me sinto, acabado

E concluído, falso evidente,
E toscano com ranço pegado
Ao fundo de garrafa de azeite,
Velha, vazia, vasilhame, vaso,

Quando, para os demais é exacto
E fácil, para mim é intáctil e falácia.
O Tórax e o Eu...














Jorge Santos (25/06/2015)











Tanto eu como o mar em frente...





Tanto eu como o mar em frente,
Enlouquecido e bruto, tornámo-nos cactos ,
Flores mortas, hortos de pouca água, logo
Eu sou sem ser, a colher e a castrada fé

Tanto de mim, como do mar em frente,
Embriagámo-nos de erros fatais ,
Não sabendo serem frutos, vegetais
Colhidos ou cardeais do juízo perdido,

Tanto eu como o mar em frente,
Lamentámo-nos às páginas tantas,
De quando havia rosas e o movimento
Dos astros em fúria ,se fazia compreender

Por um leigo desenhando amores-perfeitos,
Tanto eu como o mar em frente,
Encetámos uma marcha lenta,
Tendo ambos por virtude, a esperança-boa

E que o movimento dos astros,
Nos leve a um bom porto, doutro mar
Pensado, doutra nação que não esta,
Que castra meu coração outrora salgado

E ind'agora são, tanto eu como o mar
Que mora em frente…









Jorge Santos (20/06/2015)





Se te desse a lua...




Se te desse a lua,


Se dessa lua me ouso lavar,
Pois me deste tu a lua só,
Dou-te eu o mar enchente,
Se nesta lua houve um mar,

Atlantes, dantes homens-peixes...
Se te desse a lua nova à talhada,
Encantado seria eu na voz, na pele
E devoto do crescente, doravante

Pra louvar d'hora
A hora e por diante, escama
Do tempo sem tempo,
Tal como a memoria dum "Olifante"...

Se te desse a lua,

Iria de bicicleta, directo
A ela como quando saía da escola,
Antes de me estatelar,
Na areia do sopé, no escorrega

Lua cega, me lembra
O começo quando lançava
Flechas ao vento e o tempo
Não mais me abalava, lua sem peso

M'alembro do teu luar,
Se te desse a lua, lavava
Os meus olhos no mar,
Se te desse a lua,

Secava ao sol, as lágrimas e o sal...











Jorge Santos (19/06/2015)
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A minha validade...





A minha validade maior,
É ser independente do palco
E do belo, esse não tem valor que baste
Nem num só cabelo pra que se
Compare ao iracundo poema

Infecto mas meu e puro tanto
Que o ouço pensar quando
Não durmo e se durmo
O vejo, independente e belo,
Ele como topo do mundo,

A minha vontade maior
É o tentar ser tão presente
Quanto futuro, na relatividade
Inexacta de tudo ou quase,
Singularidade crua ou verde, palato

Complexo ou incomplexo mas vosso,
Mas vosso o meu tosco pensar fosse,
E ao cubo. Do pouco tempo
Que ocuparei com a minha dança
A pista deixarei no chão apenas sinais

Leves da minha fraca presença,
Mas lá em cima, as nuvens palácios
Céus ...









Jorge Santos (12/06/2015)
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Quando olho não me conheço...





Quando olho pra mim não me reconheço,
Nem neste angustiante peito de Filisteu
Externo, sem lugar entre dois céus tornados
Em chuva rija, tornando sempre cheia

Em rio aquilo que em mim acrescento,
Sensações que me embalam e eu deixo
Que aconteçam, sem que mova um dedo
Ou um caniço da margem do rio do “tanto-

-se-me-deu” - tampouco é o meu amor
Próprio de navio Almirante, logro, laico
Lasso,  louco, que no mar assumi os olhos
E o sorriso como defeito, quando olho pra mim,

Assomo um existir que não aprovo, amaino
Estratagemas de um eu que não soube ser vida
E  obra que desse vista a cegos e alma a hostes
De sentires diferentes destes outros, ocos, 

Delirantes . A luz me lembrará em branco,
Distante o mar, arrefecido o horizonte, rarefeito
O ar, assim eu que me fabrico de agua  e ágoras,
Me resigno ao olhar dos dedos de pele e veias,

Olhar o céu não me dá emoção, nem espero
Dele a gazua que me abra como se fosse acaso
Alguém do real mundo, que aliás desprezo,
Reprovo e abomino. Anseio pela harmonia

Que o universo dá a tudo e não pela unidade
De medida que deposito no coração  caniço,
O qual olho e não conheço .










Jorge Santos (29/04/2015)








Sem glúten




Sem saber escrevo,

Escrevo um poema
Por egoísmo e louvor
Do eco, exaltação do eu,
As frases saem de dois

Chinelos sem pés,
Que uso amarrotados
E impuros, assim
Me sinto cúmplice

Das pernas, que sem saber
O coração comanda
Por compaixão,
Escrevo um poema,

Cor do “memo”,
Que se apega,
Sem pregos, no desmedido
Nos olhos,

Da cifra sem explicando,
Nem rara ou mística
Cara, sabida.
Às mãos sussurro

Juras de vaidade,
Difíceis de comprar,
Não tolero críticas,
Condeno as flores,

De estarem decorando
Como a gemada, o prato
Ou a fome ,embora
Nada pense por mim  próprio,

Sem que me abasteça,
Das frases arrancadas,
A rótulos de leite
E iogurte, sem glúten

Sem sabor ...



Jorge Santos (23/03/2015)
http://namastibetpoems.blogspot.com

tradutor

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