(Vive la France)




Que m'importa a idéia sem o Dólmen ...



Que m'importa o Dólmen sem a aldeia, 
Viriato sem o entusiamo e um coração
D'Vate duma nação que nunca foi triste,
Não sei que pense ou se me entristeça,

Ser feliz é desejar sê-lo e a idéia é a ultima
Que morre, não o homem nem a justiça,
À ilusão se chamará esperança, o Homem
Não significa nada sem a voz humana,

Nem Roma se escreve como o nome de Creta,
César sem crença seria Roma sem o recinto, 
Viriato sem o entusiamo d'uma nação ou Tito
Sem "Partisans", não teria unido a Jugoslávia,

Poder comparar é um mito, a Torre de Babel
Um pensamento, o novo testamento apenas 
Um livro mal escrito se não houver convicção,
Que importa a mim a idéia sem o Homem novo,

Um Dólmen sem povo - o Asterix e o Druída -
Cristo sem Césares não teria nome, seria brisa
Eu talvez nem seja paisagem, mas sou aquele
Que se inquieta e mistura o pau com a bandeira 

Na alma pra construír uma idéia da lava
Menos calma, a partir da aldeia em chamas,
Que m'importa o Dólmen, (Vive la France)
Morra a indiferença, (Morra o Dantas, Pim ...)

Pam-Pum ...






Jorge Santos (04/2018)
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Antes da manhã chegar ...








Antes da manhã chegar


já tu chegaste à janela,
Agora ela é tua e a tela,
Assim, todos quantos vês
Na rua olham dentro dela

Quanto tu, na mais lenta
Das ruas desta cidade,
Abres-te prá sua claridade,
Agora ela é tua e tu dela, 

Assim quanto de todos q'virão,
A sensação de jamais
Ser tarde sombria pálida,
E antes do amanhã chegar,

Já chegaste à janela,
Entra na tela tal e qual garça,
Faz parte do que está dentro
Da minha própria carne e sangue,

Ela é o quê de tanta coisa
Que é preciosa, é a vida nossa
Sonhada e eu estou de luto,
Sem desejos nem sandálias,

O mundo abranda e me enlaça,
Tal como a rua e praça,
Amanhã me revelará qual,
Se esperança é miragem,

Rua/tela ou a morte que temo,
Assim todos e tanta gente
Bela e fria, dessa cidade impala, 
É verdade, chegaste à janela,

Abre pra entrar claridade,
Enquanto a Terra é i'nda é bela
Sê tu cidade, sê eternidade,
Sê tela ... janela garça...






Jorge Santos(02/2018)
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Não tenho pressa …




Não tenho presa nenhuma dúvida que seja,
Não tenho presa dúvida nenhuma a mim,
Absolutamente nenhuma à solta dentro
Do corpo, nas solas as mãos terminam
Onde começam os quatro sentidos d’outros,
Sinto definitivamente não ser ninguém
Neste mundo, demito o tornar-me nesse
Rei do vulgar e do vulgo tal e qual morto 
Em lugar findo deste reino onde não reino
E sem dúvida não é meu, demito-me inda
Do peso de sentir por todos a lua que seja
E o mistério dos braços prenderem o corpo
À alma e das gotículas de geada os dedos,
Quadrados cotovelos e o coração absoluto
Zero (noves fora), prefiro as solas aos sapatos
Que alego serem meus e depressa, antes 
Que dêem pla falta deles manhã cedo,
Antes do começo dos outros e meu eterno
Delito, término e gémeo falso do infinito,
Qualquer dúvida fica inteiramente entre
Mim e a fala e até que, do falar m’esqueça, 
Não tenho pressa …

Em Parte, confesso-me …








Confesso-me contínuo do espaço,
Tudo que faço, fazia dantes,
As pontes passam e eu sem
Mudar d’sítio qu’me sento, qu’faço 
Do rio que passa por debaixo,
-Pedra, papel ou tesoura-
Pobre d’mim, supondo-me ponte…
Confesso à margem “leste” optar
Por esta, mais jovem que a 
Outra, longínqua me parece,
Descontínuo é o rio que m’atravessa,
Normalmente caminho sobre ele,
Tudo que faço, fazia dantes,
Continuo alternando o que me 
Define, erro é não reconhecer
O que me impele que atravesse,
O motivo, tão somente porque 
Da ponte não passo, ela por mim sim,
Tempo é, de voltar a ser rio,
Cingindo-me às margens onde minhas
Mãos germinam, em espaços e rochedos
Contíguos à dor, ao sofrimento, 
Conforto-me na tristeza, amo
Tanto quanto odeio a matéria de que faço
Parte, confesso-me feliz com o pôr-do-sol
E triste como um entardecer,
Continuo a regular-me plo visível e o que me
Explica cultivo debaixo de “totens” e pontes,
Tudo que faço, fazia dantes em parte,
Confesso-me …



Em Vila, Praia ou Âncora …





Não fosse chuva eu já ser, 
Mar não me faria …
Vila, praia ou âncora forte,
Trafalgar, “V de vingança”, 
Caio com’a chuva cai
Sinto-me não gente, 
O que quer que diga
É brando leve … leve,
Há quem louve ou ignore
A chuva, mesmo a séria
À janela e ao algeroz da telha,
Mas à chuva caio em mim,
Persigo o ritmo da que cai,
Branda e leve leve e pura,
Fura-me a pele e a mente,
Sinto-a tanto, sou gente
Ao d’Leve, leve branda a pele,
Que m’enleve o vento,
Levo o tempo, imortal
Me fez, m’faz chuva e chover
Fará outro e outros, chuva 
A ter, valsa da chuva, valsa
Dos monstros, angústia
É sentir peso, a chuva não dói,
Caio com’a chuva cai,
Sinto-me vivo e leve, 
Chove com paixão,vejo
No mar em frente uma ilha
Lá fora a barca, o paúl ao mar
Inútil lhe parecia, um braço,
A espuma e a praia, rente
À minha saudade parceira
E uma tarde mansa de estar
Na beira do que sinto,
Serem as gaivotas tantas
Por mim chiarem,
E ao meu ritmo d’galgo,
Talvez sentindo paz
Nesta minha dor, algo
D’mar partindo, mar de s’achar
Entre a espuma e eu a dançar
E o que a praia pintada d’branco
Me transmite em ondas
De ausência fria, chove em mim,
Tal e qual em gente,
Caio com’a chuva cai 
E o quer que diga sinto,
Ou é a frio ou lava rubra, 
Faúlha quente, mas sempre,
Sempre caio, com’a chuva cai,
D’enviesado e d’frente,
Brando e leve, fura-me a pele, 
Fosse chuva eu ser,
O mar me faria em temporal,
Faísca, pranto, brado e
Branco quando quebrado, 
Em Vila, Praia ou Âncora forte,
Trafalgar, “V de Victória”
Ou morte …

Inalterável a dor …





Inalteráveis as cores, no Homem do depois…
Inalterável é a dor, a cachaça
E um antropólogo em Marte,
Inalterável a minha sede de voyeur
E a metafísica do terror,
Inalterável até o leite
Da Deusa Hera e o que é óbvio, 
Mas eu não altero em nada, 
Seja o que for que sinta,
Seja ele quem for, inclino-me diante
Quem é alterável quanto a minha dor, 
Que alterna entre a brava fúria,
E essa à qual me converto por amor,
Quando uma pessoa quer ver
Repetidamente os mesmos padrões
Nos gestos, nas estrelas mestras 
E os mesmos sorrisos nos rostos dos outros,
Imutáveis quanto o castigo, quer nos céus
Como nas gentes e nos despojos
Que as inúmeras vidas nos deram,
Quando alguém quer tudo isso, herdado e
Duma só vez na breve vida, torna-se autista, 
Inalterável, incolor pó …
Inalteráveis do galo o canto e o temor a Cristo,
O lusco-fusco, o crucifixo e o Confúcio
Se ele existiu, sonhar eu existir não altera
A dinâmica dos sonhos nem a marcha real
Dos dias, também ao manifestar-se, o cosmos 
Ao ouvido meu, parece todo’dia e sempre igual …
Alteremos pois, as cores no Homem de hoje…

A lucidez na loucura ou os cabelos de Berenice




( A lucidez na loucura)
Tenho pensamentos quasi’venais
Nos beiços, na língua, no queixo, em braille 
Nos cotovelos, nos quasi’brancos cabelos
Com’a Berenice tem, belos…belos,
Pudesses tu vê-los,sabes… se
Soubesses do que falo, dito 
Deixariam d’ter segredos,
Os maciços de nebulosas distas
Das alamedas de lata podre, 
Lar das princesas feias, Ogres
Alimento infinito de orgias, vaginais
Meus sonhos de imenso e magias,
Tenho pensares tais e diversos,
Quantos os beirais das vielas sombrias,
Vagas quanto das veredas de terra greda,
As estrelas que avisto no espaço,
Pudesses vela-las tu p’las 
Frestas da lona suja, verias fábulas
Dum crédulo, à luz de luz incerta,
Roto e sonhando-me do cosmos,
Mago majestoso em Terra-finda,
Vejo em tudo que brilha,
Ouro, só sal ódio e erva-minga,
Destroços de qualquer cometa,
Bairros de trolhas, imundice
Ratos, puxadas ilegais de luz
Tal e qual cabelos de Berenice,
(A lucidez na loucura)
Não passamos de minhocas, 
Que brilham a preto no escuro, 
Na textura do espaço/tempo,
Explica-mo-lo a ouro e sinais
De néon no vácuo que ficará
De nós depois do circo ir embora,
Erva gasta e podre, lixo
E um hino de horror à vida
Na Terra nossa gémea, dos cabelos 
Verbais que Berenice tem,
Soubessem eles que, realmente 
Falo da lucidez na loucura .

(Busco a eternidade-num-saco-vazio)





Só basta a eternidade a mim,
Só me basta a eternidade,
Não quero ficar “pra-história”,
Apenas por falar “falas-de-bruxo”,
Nunca ninguém houve “em-tempos”,
Nem teve por nome “chamar-se-eu-mesmo” isto,
Como eu me-chamo de-místico,
Só me basta a eternidade,
Pois que nada me é precioso demais,
Sonhar não é preciso, se o que faço é desperto,
Dormir é o paraíso, porque não dormir 
Eu pra sempre,
E aquilo que sonhasse,
Fosse eterno,
Só basta a eternidade a mim,
Continuado já eu me suponho e prolongo
Nisso que digo sem esforço,
É como soltar o ar dos pulmões…
Como sentir o peso do cabelo,
Não o sinto, nem os sonhos pesam,
Penteiam-me os cabelos,
Assim a eternidade é uma condição
Que não me pesa, pois não a tenho,
Não a sinto sob a fronha,
No entanto brinca comigo 
E com o meu desejo,
Só basta a eternidade,
A mim que a todo o momento morrerei
De enganos, disfarçado em dia
Que dá luz a tudo e até aos ombros
E aos passos que dei,
Acima de tudo sabendo
Que um dia morrerei, como tudo
Que se parte e se foi,
É isso que os poetas tendem
A ser, parecidos ou iguais ao que flui,
O que me resta é guardar o tempo
Bem dentro, assim como uma flor seca
Se guarda num livro que não se lê,
Soltar o ar e seguir o vento,
Pra parte alguma,
Quanto basta pra ser eterno … 
(Busco a eternidade-num-saco-vazio)

Odor de lagoa Chã…



Sou igual a fedor de lagoa Chã …
Se abrindo as asas sobre o monte mundo,
Tudo que vi vejo, encanta se escuto, se canta
Tudo quanto vejo, sinto ouvindo minha voz
Humana e abro asas abrindo ao ar meu corpo
Meio vulto, meio sonho curto e eu abrindo
As asas de meu peito escorrendo, o sentir outro,
Humano tão pouco, d’amar algum, sonho
Comum, perdido… o que me fica, nada,
Tudo o que vi vejo, de que me serve ter asas
Se esta alma não voa nem viaja presa à voz
Que é meu eco e acto de negação, vi-me, vejo-me
Ostra da consciência, que é feito da minha,
Se existe, escravo do que escrevo, estéril de dia, 
Inútil à noite e no meio uma vontade de voar
Sobre o mundo que é mais próprio d’outro ser,
Não eu, ser nem sou, nem luar e lago, herança ruim,
Vício d’mil causas absurdas, ocas, loucas,
Sou vulgar, igual a odor d’lagoacho de rãs…

À vontade presa …




De mãos apensas ao movimento do corpo,
Deixei as circunstancias de que me faço
Tomarem conta da realidade com que sofro,
Memórias de algum lugar não sei donde e pra que uso,
Se não preciso vê-las, mãos apensas ao que penso 
Pensamentos nítidos, reais braços, cansaços. 
De mãos apenas em equilíbrio que se supõem movidas,
Adaptalizáveis ao que faço, como boca sorrido
À mágoa, à vontade presa, ao embaraço
E antes que a pouca fé em mim me vença
Aqui deixo as minhas mãos apensas ao corpo,
Qual me circunda por cima e por baixo,
Talvez me lembre quanto separado de mim eu ando
E para o que serve no chão crescer erva tão ruim,
Sentido pra tud’isto e que uso dar às mãos…
Memórias de algum lugar não este.
De mãos apensas a um movimento suposto
Que me não prolonga nem desejo mas trago
Preso ao corpo como restos de diversas outras vidas,
De que me faço, às quais regresso, apenso
À vontade, preso ao fraco peso meu…

Eu sou tudo aquilo por onde me perco…




(Sou tudo aquilo por onde me perco)
Eu sou tudo aquilo por onde me perco,
Excepto aquele outro que não quero ser e sou,
Paisagens do que suponho eu ser real sonho
Ver na mente calcinada, imaginando d’screvo
Estações de carvão e lagos sem peixes dentro
Em vez de florestas de abetos verdes cinza,
Impérios do nada, paredes lisas e corredores
Para o vazio, assim sou eu e torno ao que sei ser 
Defeito, eu e tudo aquilo por onde me perco.
Só há uma maneira de me separar do sonho,
É sonhar-me desperto, seja lá que isso for 
Em vez de me inquietar com o que não desejo,
Uma flor, uma estrela, um fim do mundo
A cores, excepto aquele sonho curto em que sou
Outra pessoa, um ermo, uma brisa suave,
Uma outra passagem para o pensamento meu,
Fosse assim o céu, assim fosse eu 
Afinal, pois se tudo por onde me perco
Sou, um olhar, o sonho de existir e a ilusão
Do que vejo sem haver,
Uma flor, uma estrela, um fim do mundo
A branco e preto, estações de carvão e lagos
Sem peixes por perto…

P’la causa das Palavras …




(Por causa das Palavras)
Por causa das palavras
Minh’alma mora só,
Numa casa de terra chã
Sem vista pra lua, vazia
Ou cheia, Ilude-me
O que vejo, escrevo paredes 
E paredes em cal viva, 
Minh’alma mora’í só,
Debruçada no meu queixo
E gestos, são palavras
De saltos-altos e passadas
Rápidas pela casa das palavras,
Pla causa das Palavras
Minha casa é uma e uma só,
Escutai apenas o pregão,
Como um grito mudo, ouçam
Quartos de lua e o halo que a
Circula, o postigo em que me 
Debruço e sonho de tudo
Um pouco, minh’alma mora’í 
Por castigo, nas paredes de cal,
Vivo numa casa de telha vã,
A memória, os meus sentidos
Fazem parte do que escrevo
P’las paredes e janelas de vidro,
Desta casa pouco fixa…

Minha voz não vê …




(Minha voz não vê)
De significados nada sei,
A voz é a alma dos crentes
Com a qual se invadem os
Pulmões e outros hortos, 
Assim como horizontes, lagos
Sem fundo, mares de sonhos
Pode-os haver na voz de quem
Se transponha da garganta
Ao coração e tantos pomares
Hortos assim, horizontes em fumo,
Sem fundo e só de ar raro
Feitos ou maremotos d’luas cheias,
A voz é isto e tudo o mais
Que eu aqui dispo do peito,
De significados pouco ou nada sei,
Deduzo o universo no que digo,
Ainda que finito o que penso,
A voz é a alma de quem sente,
Tudo dentro de mim nem gente é,
Apenas a sensação de sê-lo, 
Por castigo idêntico ao da alma.
De significados nada sei,
Entre a onda e a cava há uma pausa
Depois do movimento,
A voz é outra coisa, no meio da alma,
Não vê, sente …

Sou a favor das Águias …





Se pudesses ver seus olhos 
Verias ousadia e solidão, 
Nítidos campos, vento
É esperança impulso voo 
Se pudesse dar meus olhos
A uma qualquer criança
Com Águias dentro a voar
Encontraria um destino pra eles
No largo céu antes que seu 
Voo me acabe, coragem solidão 
Em seus olhos, paz 
No falar das Águias, sonho meu
O voar manso a favor do vento
Sem plano nem caminho,
Sou a favor das Águias e dos Centauros, 
É como um dever comigo,
Se puderes doa meus olhos
Como testemunho, à vida,
Ao futuro que não me inclui,
Mas as Águias, as Águias, Senhor 
Desses antigos céus, por favor
Não as limites no voo …
Se pudesses ser seus olhos
Buscando dos céus bocados de sonhos,
Que outra coisa não sou eu,
Mistura de gente vaga
Com a ciência do voo, ressaca
De noite mal-dormida
Ou relato de nuvem branca, lenta…

Cresço entre ervas e chão doce





Tudo
O mais é nada, papel é barulho
O ideal é outra coisa, não procurar
É água pura, a única via de ser feliz
É o que faz a chuva se deixar cair,
Me bate à janela, cheira a denso
Cresço quanto as ervas e ao chão
Peço perdão por existir tão séptico,
Quanto o daqui não sei, sou…serei
O mais é nada, apenas tudo estranho
Nada entendo, o mais é nada, o curto 
É tudo e o tempo a duas dimensões
Entrudo no natal, opinião pública,
Não encontro paz por mais que me 
Esconda e a paisagem não sabe o quanto
Quis ser arbusto, seiva de abeto ou
Essa coisa que chamam de céu os peixes,
Tudo o mais é papel de embrulho,
De cartão é o meu carácter,
Molda-se molhado pra depois enxugar, 
Jamais regressando ao original,
Papel de embrulho, tudo mais
É nada, barulhos de quem cresce
Como se estivesse entre ervas 
E chão doce…

Há os que …




Há os que …

Aos que escrevem largo e por extenso
Como manifestação de grandeza final,
Aos que pensam como
Que a alma derramando sangue,
E dizem como que
Respirando fundo e em bruto
O nome completo dos monstros
Que ressuscitaram depois das três guerras únicas,
Aos que descrevem a razão
Que lhes corrói, farpas rasgando
As entranhas como se tivessem ácido
Vertendo
Da alma nas guelras estranhas,
Aos que se erguem no topo dos montes 
Nada lhes resta por cima, nem o rosto do padre nosso
E nem o murmúrio apagado do vale
De uma fonte quase seca,
Lhes fará lembrar concerteza os seus outrora
Baraços de vime e veias
Da comum gente de
Vida curta, fútil afinal …
Há os que vitoria exibem 
Como fazendo parte dos seixos da praia
Do desembarque,
E os que dos grãos de areia
Fazem parte tal como da espuma
O som da água quando se parte
E acresce o mundo em terra firme,
Aos que escrevem grande,
Amanhã lhes direi do que fui
Do que sinto, do que tenho entre
Mim e o espírito a crédito ou conta corrente…
Há os que choram na hora da partida.

Destino




Serei tudo o que tu quiseres,
Serei tudo o que tu quiseres, 
Entrudo ou cão sem ladro, madrágora,
Contra mão de camião de lixo
Se for sublime o que desejas,
Que eu seja tudo o que se diz,
Uma vareja ou uma viúva puta,
Que o digam com gosto e arte,
Não sentir é ser como um trolha
Sem cimento nem tijolos,
Serei tudo o que tu quiseres 
Desde que me faças sentir dentro,
Um tanque de guerra em Sarajevo,
Contra mão de camião de lixo,
Uma vareja ou uma puta viúva
Que se prostitui em Agostos
Quentes para se sentir digna e pura,
Que seja sublime o espólio que deixas 
Na proporção inversa do que és, sal
Viúva vareja ou trolha, cão sem ladro
Animal poeta, asceta pulha, etc…destino,
Serei tudo o que tu quiseres,
Excepto covarde útil, apenas soo a rídiculo
Quando rio do coeficiente que poderia
ser ou ter não sou, juro … não sou.

Pára de perguntar como me sinto ...





Pára de perguntar como me sinto,
Me sinto tal qual outro dia, mal e dividido,
Igual ou totalmente parecido a ontem,
Minto simplesmente não totalmente, 

Ponho de parte tudo que é ruim e não,
Tudo o que dói e destrói, sinto o quanto
Basta pra viver sem aqui estar demasiado,
Entre o coto e a mão, esse é o meu estado,

Pára de perguntar como me sinto, preso
Sinto-me como o meu pior inimigo, Deus 
Da desesperança, capataz dos exilados excluídos
Dos que não vêm o mar nem o têm no ouvido,

Eu não o sinto embora ele viva em mim, duvido
Dos búzios sim, da maresia, do divino sol,
Pára de perguntar como me sinto, mal,
Preso na amargura de algum Rei, morto Rei.











Jorge Santos (10/2017)
http://namastibetpoems.blogspot.com

Nada sou …






Nada sou, persigo uma inexplicada ilusão,
Renuncio sem razão e breve, qual ermita, 
Abraço um desconhecido qualquer,
Apenas porque me cumprimenta,
Sem que o toque sequer, sou nada 
Embora traga uma face no espelho
E um universo real em mim quando
Nada mereço, nada tenho senão mil
E um explicitáveis desespero do tamanho
Das sensações que divido comigo mesmo
Numa inexplicável ilusão que me faz lembrar
Ilhas distantes, moradas de príncipes deuses vivos,
Nada sou, simulo paixões que não foram
E circunstancias de enredo já gastas
Como as putas velhas da praça que se dão
De graça, nada sou, pombo morto, ponto morto
E se ainda me convenço pedindo simpatia,
É porque nos arredores da cara ao espelho
Já não sou eu que me vejo, mas o silencio 
A dar-me a mão puxando pro lado, 
Em que não me veja …

Profundamente …






Reflicto sobre o que me magoa 
Não o mau tempo, Não a chuva,
Desalento na alma magoa mais 
Que crime porque despedaça,
Paixão por alecrim e o cheiro
A terra molhada magoam pois
Não os sinto e não posso tocar
Nas lembranças que tenho da terra,
Reflicto sobre o que me magoa,
Sonhar eternamente um só sonho
Não o mau tempo, não a chuva
Desejos são cansaços, mentem
Alecrim é uma flor e o esteio 
Da minha alma lá fora é o chão,
Desejos são flora, se me perguntarem
O que sei dos cheiros não sei nada,
Terra molhada, ansiedade, calma,
Desapego d’alma, são sintomas
Dos mais que perfeitos Lírios,
Imperceptíveis à visão, são
Um sentimento, desejos, cansaços,
Reflicto sobre o que me magoa 
Agora… nada, a realidade às vezes
Dói realmente, choverá lá fora,
Haverá pó sem estrada, caminho
Sem percurso ou mapa,
Profundo sem fosso, perfume sem 
Doçura ou decote sem pescoço,
Reflicto sobre o que me magoa,
Não o mau tempo, não a chuva,
Não o estio que procuro,
Mas a minha incapacidade nata 
Pra me reconhecer profundamente
louco … 

tradutor

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