O que tememos ter é sentires ocultos, estranhos ...
O que tememos é ter sentidos diferentes,
Ocultos em tudo o que sonhamos e ser
Estrangeiros na global casa e na nossa,
Embora íntimos quanto do acorde a viola,
O que temos é sentidos efémeros,
Tão breves, tão tímidos por vezes
Que nem sentimos ter e quantos,
Quanto mais pensar que possa haver
Sentidos sem intenção outra menos perene
Ou fé mansa de sentir e sentir somente
Sob qualquer recolhido véu, céu, derrota
Ou dó, assim como sentir que passa
Uma sombra, sem a lembrar de ver, possamos
Apenas sentir no ar o correr do vento,
Tão breve quanto oculto e mudo,
Tão só temos sentidos efémeros, imperceptíveis
Quanto o real é ser uma espécie de visão
De sonho comum, no fundo nós
Somos o que sentimos, transitórios, passionais
E terrenos embora sejamos passageiros
Do que nada sabemos, sentimos
Como vivendo ao vivo nossos sentidos
Tímidos, íntimos do que a alma sonha,
Efémeros quanto belos …sejamos estranhos
Bastante, desajustados sensoriais, sensacionais,
Não tenhamos receio de sentir demasiado .
Jorge santos (12/2016)