Porei à venda os olhos,
se tirasse a venda púdica
Da fenda, que usa como boca.
(O poeta progride nos erros)
(e sem vossos leais ofícios...
ainda tropeçaria na gramática),
Vivo uma vida de certo bruxo insecto, presente no ceu da minha quase boca, Quase seca,infértil,inacabada,sem sabor, Que,com a ponta destas asas ,quase toco, Na minha voz quase vidro,tampouco rouca E de meu corpo ,quase sem roupa. Em andrajos m'arrasto e praguejo do tosquiado obelisco torto pelo vento com as estrelas apagadas e o sino do tempo, No invicto céu,aquele que duvido seja meu Porque em tudo de meu eu entrar evito (Mas todavia entro por debaixo da maldita porta) Ou divido entre a alma e a esta roupa suja E essa eu não mudo aqui sem que fuja Do que digo (talvez sem tino) E isso se cola ao ouvido esquerdo E a um véu de linho quase cru Em forma de asa de grifo , "gralha" ou insecto crisal que o valha. Sou adivinho de meias palavras, E de um belo discurso,que duvido seja meu, Quero entrar pela baixa porta e sem roupa, Porque vestido de veludo não m'a'visto, Nas velhas frases ditas em "lua meia" de verdade. Mas vivo deste lado... (d'uma vida destemida de insecto caseiro)... Jorge Santos (2010/09) http://namastibetphoto.blogspot.com |
Sendo eu navio transponho o brilho escuso do mar e fujo do olhar
tão rápido como o louco muda de esgar.
Sendo um nado vivo transporto comigo fachos de lucidez comum,
como obrigações e estas ilusões de vida sem nada de verdade para partilhar,
se nem lúcido consigo de razões fogos-fatus empunhar.
Por quem me tomas...
se nem me importo que me reconheças logo
como perdido ou resgatado ,
eu faroleiro...espiando o navio no nevoeiro denso
como um louco marinheiro longe do mar.
Agora ,ao raspar da solidão o sal e a pele áspera
nada mais me resta que esta carne em sangue-viva
e uma intensa sensação de dor como de quem espera
na floresta e nu ser amarrado e rasgado por silva brava.
Jorge Santos
Nada se passa em mim sem Ti,
" irmã coragem"
nadas longe...ou ficas na margem insegura,
sem amarra...
"ao Deus dará" ,nem digo:-- "vai", ou desminto o destino
que me colhe todos os dias mais uma,outra,... e outra hora
e que nem me falte essa tua ancoragem
de "Porto sem medo"
lá , onde nem me encalho nem me perco,
sendo eu , só miragem de ti ,
nado no destino dos teus restos de Luas irmãs,
irmã coragem ,
sê a minha margem, senta-me no teu colo
e conta-me uma historia infinita
onde nada se passe..nada,
depois descreve-me em surdina,
isso que nos céus se passa e nos rodapés
desenha-me amanheceres com quentes cores ,
e nas margens rudes
e cavadas
e nos afluentes talhados dos mares sem fundo...
onde nada se passa ,
deixa-me repousar à tua margem...
Jorge Santos
08/2010
http://joel-matos.blogspot.com